sábado, 28 de junho de 2008


Síntese, secreção e ações metabólicas dos hormônios tireóideos

1- Introdução:

A glândula tireóide é responsável pela síntese dos hormônios T3 e T4, triiodotironina e tiroxina respectivamente, por intermédio da captação de iodeto, os quais são responsáveis pela regulação da taxa metabólica corporal em geral. Sua função depende, também, da absorção do iodo, elemento químico essencial na síntese de seus dois hormônios mais importantes: T4 e T3. Esses dois hormônios são responsáveis, respectivamente, por 90% e 10% do débito total da tireóide. Além desses dois, a tireóide produz o chamado T3 reverso, ou rT3.

Esses três funcionam de maneira conjugada. O T4 funciona, sobretudo como um pré-hormônio, sendo que a monodeiodinação do anel externo de sua estrutura molecular fornece 75% da produção diária de T3, que é o principal hormônio ativo. Alternativamente, a monodeiodinação do anel interno fornece rT3, que é biologicamente inativo.

Ela é crítica para o desenvolvimento e crescimento normais. Tem origem do endoderma, localiza-se na região anterior do pescoço e divide-se em dois lobos que ficam em cada lado da traquéia.

2- Síntese e liberação



Possuem uma única camada de células epiteliais cubóides produtoras de T4 e T3 forma um folículo circular, e células C (células parafoliculares) as quais são responsáveis pela síntese de calcitonina. Dentro da luz folicular os hormônios recentemente sintetizados são armazenados na forma de um material colóide. São sintetizados a partir de tirosina e iodeto pelo complexo enzimático da peroxidase. A tirosina é incorporada em ligações peptídicas dentro da glicoproteína (tireoglobulina) . Sofrem iodação, duas moléculas de de iodotirosina são ligadas para formar iodotironinas (hormônios tireoidianos).

A Secreção de T4 e T3 armazenada requer tireoglobulina da luz do folículo por endocitose. Para apoiar a síntese hormonal, o iodeto é conservado reciclando as moléculas de iodotirosinas.

3- Controle da secreção dos hormônios tireoidianos e transporte no sangue (T3 e T4)



A atuação da tireóide é controlada pela ação do TSH (hormônio estimulante da tireóide), que é um hormônio produzido pela hipófise, que por sua vez é estimulada pelo TRH (tireotropina) produzido no hipotálamo.

A partir da 11ª a 12ª semana de idade gestacional ela é capaz de sintetizar e secretar hormônios tireoidianos sob estímulo do (TSH) fetal. Tanto o TSH quanto o hormônio tireoidiano fetais são necessários para o desenvolvimento intra-uterino normal do sistema nervoso central (SNC) e do esqueleto.

A regulação da secreção de hormônio tireoidiano pelo TSH está sob controle por retoalimentação negativa (efeito feedback). O T3 e T4 circulantes agem na hipófise para diminuir a secreção de TSH; se os níveis destes caírem, a secreção de TSH aumenta. O T3 e T4 quando livres, e não as porções ligadas a proteínas, regulam o débito hipofisário de TSH. A hipófise é capaz de desiodar T4 em T3, e este último age como a efetora final do bloqueio do TSH.

Na circulação a forma do hormônio em maior quantidade é o T4, devido a sua menor velocidade de depuração metabólica e renovação fracional em comparação à T3.

O T3 e o T4 circulam quase inteiramente ligados a proteínas, porém é a fração livre que é ativa, ou seja, T3 é a molécula responsável pela maioria das ações tissulares do hormônio tireoidiano, pois é ela que é ativa. A proporção de T4 entre T3 e rT3 regula a

disponibilidade do hormônio tireóideo ativo.

A principal proteína de fixação é a globulina fixadora de tiroxina (TBG), que é uma globulina sintetizada no fígado. Além de transportar os hormônios, ele também tampona as modificações agudas na função da tireóide e evita que os hormônios, que são moléculas relativamente pequenas, sejam perdidos na urina, ajudando a conservar o iodeto.

4- Principais efeitos metabólicos dos hormônios tireóideos no organismo.






Aumentam a atividade metabólica de quase todos os tecidos do organismo. O metabolismo basal pode aumentar até 100% acima do normal, quando é secretada grande quantidade desses hormônios. O hormônio tireoidiano aumenta e é um grande regulador da taxa metabólica basal. Utilização de oxigênio, produção de CO2 e termogênese são estimuladas por mecanismos que inclusive o de desacoplamento entre a síntese de ATP e a oxidação de substratos, aumento no tamanho e número de mitocôndrias, atividade aumentada de Na+, K+ -ATPase e taxas aumentadas de oxidação e síntese de glicose e ácidos graxos.


O aumento do número e tamanho das mitocôndrias por sua vez aumenta o número da atividade das mitocôndrias, que por sua vez aumenta a velocidade de formação de ATP (trifosfato de adenosina) para energizar a função celular, aumentando a temperatura corporal. Entretanto, pode representar tanto o resultado da atividade aumentada das células como a causa do aumento.

A estimulação do metabolismo dos carboidratos pelo efeito do hormônio tireóideo, provavelmente resulta no aumento global das enzimas metabólicas celulares.

E no metabolismo das gorduras, aumentam estimulando a concentração de ácidos graxos livres no plasma e acerelam acentuadamente a oxidação dos ácidos graxos livres pelas células.

Segundo BERNE; LEVY 2003, o efeito metabólico geral do hormônio tireoidiano é descrito como o de acelerar a resposta ao jejum.


Os hormônios tireoidianos causam grandes efeitos no sistema cardiovascular, como o aumento do fluxo sangüíneo e do débito cardíaco, aumento da freqüência e da força cardíaca.


A forma ativa, ou seja, T3 também aumenta a síntese protéica e, com isso, a síntese de enzimas, aumenta o tamanho e o número de mitocôndrias na maioria das células, aumenta a atividade contrátil do coração, promove a absorção rápida de glicose

pelas células e, por fim, incrementa a glicólise, a gliconeogênese e a mobilização de lipídios, aumentando a disponibilidade de ácidos graxos livres para oxidação como forma de obtenção de energia. O T3 tem papel importante na maturação, estimulando a

ossificação endocondral, o crescimento linear do osso e a maturação dos centros ósseos epifisários.

Além disso, o T3, especificamente, pode acelerar o crescimento facilitando a síntese e secreção do (hormônio gonadotrófico) GH (Berne & Levy, 2003; Guyton & Hall, 2006).

Em exercício, a liberação de TSH aumenta, no entanto, esse aumento na liberação de hormônio tireóideo não acontece imediatamente depois do aumento da liberação de TSH, pois acontece um atraso. Além disso, durante sessões de exercício submáximas prolongadas, os níveis de T4 permanecem relativamente constantes em aproximadamente 35% a mais do que os níveis de repouso, depois de um pico inicial no começo do exercício, e os níveis de T3 tendem a aumentar.


5. Bibliografia


1. GUYTON, A.C.; HALL, J.E.Tratado de Fisiologia Médica. 11ª Ed.

Trad. Edit. Saunders Elsevier Ltda. Rio de Janeiro-RJ, 2006.

2. BERNE; LEVY, M.N.; Fundamentos de Fisiologia.

A. Stanton, 2003.

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